* Este texto integra a coluna Comunicação Contemporânea, escrita pela jornalista Sílvia Mendes, Diretora de Conteúdo da Huna, para o jornal Linha Popular, em Camboriú.
Você também tem a sensação de que, de repente, metade do país passou a odiar jornalistas? Como jornalista que sou, tendo passado cinco anos na faculdade e mais dois no mestrado (que também foi em jornalismo) e tendo dado aulas de jornalismo para jovens sedentos de sonhos de carreira, esse negócio do ódio abala minha autoestima. Se você também odeia jornalistas, por favor, me ajude a entender os motivos?
Há milhares de anos, quando o ser humano descobriu a fofoca, ganhou uma capacidade superior aos demais primatas: a de formar grupos maiores, com muito mais indivíduos. Informação, imaginação, mitos, técnicas, locais de caça e proteção, tudo isso, conforme foi sendo comunicado, serviu para agrupar e separar as comunidades humanas. Sim, separar também, afinal, se o mito em que eu acredito é diferente do mito em que você acredita, não há razão para convivermos em paz, certo?
Mas algumas grandes fofocas, como as descobertas científicas e o comércio, ajudaram a criar um grande grupo (ou aldeia) global entre os seres humanos. Você pode odiar os jornalistas, mas a informação socializada é uma espécie de “argamassa” que une o grupo social. Todos os sistemas públicos e privados, as leis, os acordos sociais são baseados nisso, não tem jeito. E a gente precisa socializar a informação para entender o que faz sentido para o grupo todo. Isso se chama civilização.
A diferença entre o jornalista e qualquer outra pessoa com informação é que o jornalista aprende técnicas e assume compromissos (morais e legais) para comunicar a informação. O mais importante é que a gente aprende a checar mil vezes se realmente o fato procede, com trinta e nove milhares de fontes, inclusive as divergentes, antes de publicar qualquer coisa. Diferente do seu tio, que encaminha fake news no Zap como se não houvesse amanhã.
Na última quarta-feira, dia 4 de março de 2020, o presidente do Brasil colocou um humorista para atender à imprensa em seu lugar. O Carioca, do Pânico na TV, lembra? Ele tentou distribuir bananas para a galera e fazer um fervo para evitar que o presidente comentasse qualquer informação séria sobre o assunto do dia: o fato de a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) ser menos da metade do previsto.
Você pode até odiar jornalista, mas provavelmente não odeia a si próprio. E tem algo de profundamente ofensivo nessa atitude não apenas para a imprensa, mas para todas as pessoas que se identificam brasileiras, inclusive você. Afinal, o PIB é uma informação extremamente importante para o nosso grupo nacionalizado de seres humanos – que, no final da ponta, interfere diretamente no nosso corpo, que circula, convive, comercializa, socializa, se acidenta, reproduz, cresce e morre nesse pedaço de terra que chamamos de país.
Dito isto, eu aqui, com minha autoestima de jornalista abalada, tenho só um apelo para fazer: dá para voltar a levar a gente um pouco mais a sério? Jornalista é importante viu. Tenta ficar sem pra ver a caca que dá.
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